#Carnaval2020 - Em noite de alto nível estético, Mangueira e Grande Rio se destacam além de boas apresentações de Portela e Viradouro
Por Leonardo Antan
Numa noite com desfiles de alto nível, as escolas de samba fizeram seu primeiro dia de apresentações na Sapucaí este ano. Das setes a se exibirem na noite, o que se viu foram trabalhos plásticos interessantes e de teor elaborado e criativo, mesmo com a crise financeira. Marcando assim uma noite competitiva em que desfilaram escolas tradicionais da folia carioca.
Abrindo a festa, a Estácio de Sá fez uma ótima abertura com a batuta criativa da renomada carnavalesca Rosa Magalhães. A artista fez uma interessante e bem executada apresentação sobre a história da Pedra, desde a antiguidade às viagens espaciais. Um belo trabalho em fantasia também impulsionou o conjunto da escola, que teve problemas apenas em poucos quesitos. Logo depois, a noite seguiu vermelho e branco com a Viradouro. A escola de Niterói fez uma apresentação luxuosa e grandiosa, defendendo bem seus quesitos. O destaque, entretanto, foi a parte musical da agremiação. O já famoso Ensaboa animou a Sapucaí com uma ótima harmonia da alvirrubra. Além disso, um dos grandes destaques foi a bateria do mestre Ciça, executando uma bossa de timbal tocada por duas mulheres que vinham montadas em um tripé, no meio dos ritmistas, e arrancou aplausos das arquibancadas.
A atual campeã do carnaval foi a terceira escola a se apresentar. A releitura da história de Jesus da Mangueira trouxe um visual mais tradicional e que recontou passagens bíblicas com o apuro estético irretocável de Leandro Vieira. A Comissão de Frente do casal Segredo (Rodrigo Neri e Priscila Motta) foi o grande destaque da apresentação, apostando em imagens impactantes. A bateria passou correta e apesar do samba com uma bela letra, a verde e rosa não explodiu e fez um desfile mais técnico. Permanecendo nas comunidades próximas a região de São Cristóvão, a Paraíso do Tuiuti se exibiu na sequência. O enredo sobre diferentes Sebastiões (o rei e o santo) foi um dos pontos altos da escola, que teve um bom trabalho do carnavalesco João Vitor Araújo em fantasias e alegorias. O senão da escola foi mais uma vez problemas em evolução e harmonia, quesitos que devem tirar pontos preciosos da azul e amarela.
É pedra preta! Fazendo todo mundo incorporar, a Grande Rio fez a mais impressionante apresentação da noite. Começando por uma belíssima comissão de frente, uma ótima performance de seu casal e uma das mais belas aberturas dos últimos anos, a tricolor se credenciou na briga pelo título. O trabalho estética da dupla Leonardo Bora e Gabriel Haddad se mostrou irretocável, se pautando em referências artísticas que trouxeram alegorias e fantasias requintadas e de extremo bom-gosto, mesclando formas artesanais e tons opacos. Apesar, problemas de pista prejudicaram a evolução da tricolor da baixada.
Logo depois, a União da Ilha apostou uma forte crítica social para sua apresentação. Num estilo mais realista, a escola tentou trazer imagens de impactos que se mostraram de gosto duvidoso e apelaram para o sensacionalismo. Na falta de um enredo bem desenvolvido e uma sequência interessante de alas e alegorias, os únicos destaques positivos da agremiação insulana foi o canto valente e forte de sua comunidade e a atuação impecável de sua bateria. A evolução da tricolor também foi problemática, fazendo a escola estourar em um minuto o tempo máximo regulamentar.
Da Ilha vamos à Madureira, a Portela transformou a Sapucaí numa grande aldeia indígena para encerrar os cortejos de domingo, com o dia já amanhecendo. A dupla de carnavalescos Renato e Márcia Lage apostaram numa estética mais tradicional e opulenta. Na pista, mais uma atuação irretocável em quesitos como harmonia e evolução, como desfila bem a azul e branco. Os únicos senões da apresentação foi a fraca Comissão de Frente e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, já que Lucinha enfrentou sérios problemas na segunda cabine de jurados, apesar da sua experiência.
No geral, o que se viu foi uma noite de alta qualidade artística, sobretudo na aposta de desfiles com linguagens completamente diferentes e interessantes entre si. Ganha a festa com apresentações de tão alto nível e com apostas estéticas e musicais que valorizam as personalidades das agremiações e seus artistas. A diversidade é fundamental.
Você pode ouvir nossas impressões sobre os desfiles no nosso podcast, disponível em várias plataformas digitais:
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Confira como cada escola se apresentou em todos os quesitos: