#Carnaval2020 - Grande Rio: problemas de evolução podem prejudicar plástica requintada e excelente samba

by - fevereiro 24, 2020



Por Redação Carnavalize

Quinta escola a desfilar, a Grande Rio foi uma das escolas mais comentadas como potenciais postulantes do título no pré-carnaval. O motivo? Um belo time composto por Gabriel Haddad e Leonardo Bora no cargo de carnavalescos e, sobretudo, o enredo que aqueceu Caxias: "Tata Londirá- O canto do caboclo no quilombo de Caxias", uma homenagem à indecifrável e plural figura de Joãozinho da Gomeia, o pai de santo mais famoso do Brasil.

A comissão de frente foi coreografada pelo experiente casal Beth e Hélio Bejani.  O grupo contou com o apoio de um grandioso tripé e a apresentação foi dividida em dois momentos bem definidos: o primeiro deles, as iabás e João menino. Num segundo momento, surgem as visões da infância que profetizavam o encontro de Joãozinho com seu caboclo, Pedra Preta, dentro de um espelho d'água ricamente iluminado, com um efeito arrebatador e que arrepiou as arquibancadas. A comissão cumpriu com maestria o objetivo de apresentar o enredo, finalizando sua passagem com o símbolo da escola e a frase "respeita o meu axé". O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel Werneck e Taciana Couto, fez uma excelente apresentação. Trajados na mais bela fantasia até então, os dois mostraram o resultado de um bom trabalho ao longo do ano, com muito entrosamento, firmeza e leveza. 
A mensagem final da comissão de frente da Grande Rio. (Foto: Felipe de Souza)

O trabalho visual foi riquíssimo. As alegorias apresentaram um trabalho plástico de alto nível, com muitas referências a artistas como Abdias Nascimento, Carybé e Djanira. Os setores foram bem marcados e o conjunto de fantasias apresentou soluções diferentes ao longo do cortejo e ótimo uso cromático. Os aspectos "artesanais" deram um charme todo especial às decorações dos carros. O enredo percorreu da ancestralidade, com a infância de Joãozinho e suas visões, até sua feitura como pai de santo na Bahia e a posterior transferência para Caxias. Sua participação no carnaval e a importância na vida pública, mais especificamente em sua relação com personagens importantes à sua época que frequentavam a Gomeia caxiense, foram relembrados. Ao fim, um grande pedido de paz e combate à intolerância religiosa deram o recado final do legado da figura plural que foi e é Joãozinho da Gomeia. Louva-se a clara leitura, mesmo com o tom academicista e de pesquisa profunda investida no desenvolvimento do enredo.
A riqueza de detalhes das alegorias chamou atenção. (Foto: Felipe de Souza)

A bateria de mestre Fafá fez uma ótima passagem e as bossas afro fizeram sucesso com as arquibancadas. No setor 6, porém, o samba foi atravessado. A comunidade passou animada, com uma boa harmonia, e o grande problema da escola ficou por conta da evolução. O andamento instável e problemas com o acoplamento do abre-alas, bem como um clarão aberto pela quarta alegoria em frente ao setor 6, devem resultar na perda de décimos no quesito já citado. 

A escola certamente garantirá uma posição no sábado das campeãs e, apesar dos contratempos, briga pelo título.

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