12 desfiles para entender o orgulho de ser Viradouro
por Leonardo Antan
Há 20 anos, uma escola vermelho e branco fazia história ao conquistar o título da elite da folia carioca. A trajetória da Unidos do Viradouro começa há 70 anos quando foi fundada em Niterói, vizinha ao Rio. O curioso nome foi dado pela rua onde o bonde dava o contorno, o "viradouro". Na disputa dos carnavais em sua cidade natal, a agremiação conquistou dezoito carnavais. Em 1986, ela cruzou a ponte e veio conquistar o carnaval carioca. Bastaram apenas quatro anos e ela chegou na elite da folia só saindo de lá quase vinte anos depois, em 2010. Confira doze grandes carnavais que a escola realizou nas últimas décadas:
1991 - Bravo! Bravíssimo! - Dercy Gonçalves, o retrato de um povo
Na sua estreia no grupo principal, a Viradouro deu um golpe de mestre ao homenagear uma grande personalidade da cultura brasileira: Dercy Gonçalves. Com um belo desfile assinado por Max Lopes que havia dado o título do acesso para escola no ano anterior, a agremiação de Niterói fez uma apresentação histórica marcada pela presença da homenageada, que desfilou com os seios de fora. Para uma escola vinda do segundo grupo, a Viradouro terminou com um surpreendente sétimo lugar.
1992 - E a magia da sorte chegou
No ano seguinte, Max Lopes continuou na agremiação e desenvolveu um luxuoso carnaval sobre o povo cigano. Marcante não por um bom resultado, mas pela tragédia do fogo em uma alegoria. São místicas e curiosas às histórias envolvendo esse desfile. Uma cigana alertou Max em colocar "um cachorro para tomar conta do fogo", o que não foi entendido muito bem na época. O desfile foi luxuoso com alegorias suntuosas e um contingente muito alto. Ao fim do apresentação, justamente a alegoria que representava uma geleira com grandes cachorros da raça Husky siberiano pegou fogo por inteiro. A tragédia fez a escola perder cabalísticos treze pontos que a tiraram do terceiro para o nono lugar. De arrepiar.
No ano seguinte, Max Lopes continuou na agremiação e desenvolveu um luxuoso carnaval sobre o povo cigano. Marcante não por um bom resultado, mas pela tragédia do fogo em uma alegoria. São místicas e curiosas às histórias envolvendo esse desfile. Uma cigana alertou Max em colocar "um cachorro para tomar conta do fogo", o que não foi entendido muito bem na época. O desfile foi luxuoso com alegorias suntuosas e um contingente muito alto. Ao fim do apresentação, justamente a alegoria que representava uma geleira com grandes cachorros da raça Husky siberiano pegou fogo por inteiro. A tragédia fez a escola perder cabalísticos treze pontos que a tiraram do terceiro para o nono lugar. De arrepiar.
1994 - Tereza de Benguela - Uma rainha negra no Pantanal
Após um espetáculo morno ainda assinado por Max Lopes em 93, a Viradouro surpreendeu o mundo do samba ao contratar o lendário carnavalesco Joãosinho Trinta, que tinha ficado um ano afastado da folia após seu desligamento da Beija-Flor. Com um grande desfile, a Viradouro desbancou escolas mais tradicionais e conquistou um impressionante terceiro lugar na apresentação sobre a figura histórica feminina negra.
1997 - Trevas! Luz! A explosão do universo
Ninguém dava nada pela Viradouro antes do carnaval, a escola vinha de um desfile desastroso no ano anterior que amargou o 13º lugar. Era a estreia de Dominguinhos do Estácio na agremiação com um samba de sua autoria. A apresentação dispensa maiores comentários, mas sempre bom lembrar a impactante abertura em preto realizada por Joãosinho, que havia sofrido com uma isquemia no ano anterior e realizou o carnaval na raça. Além do trabalho plástico, o swing da paradinha funk de mestre Jorjão também entrou para a eternidade.
1998 - Orfeu, o negro do carnaval
Após o título, veio outro desfile inesquecível. O enredo era brilhante e rocambolesco bem ao estilo de J30, contava ao mesmo tempo três histórias: a do Orfeu da mitologia grega, o Orfeu da Conceição baseada na peça de Vinícius de Morais, o compositor de uma escola que contaria a história do carnaval, nos fazendo chegar a terceira camada da narrativa. O samba tinha um refrão animado e traduzia de maneira simples o complexo tema. A bateria de Jorjão brilhou novamente com sua batida funk. A grande apresentação terminou apenas em quinto lugar, o que gera revolta até hoje nos torcedores da vermelho e branco, para muitos valia o bi.
2001 - Os sete pecados capitais
Após sete carnavais, João Trinta deixou a agremiação de mudança para Caxias. No pré-carnaval, muita tensão, Lane Santana assumiu o desfile da escola no meio da preparação após Roberto Szaniecki ser demitido. A apresentação sobre os sete pecados capitais não teve tanto destaque na plástica, mas sim por mais um samba inesquecível defendido por Dominguinhos e a bateria do mestre Ciça, que tinha Luma de Oliveira reinando.
Após sete carnavais, João Trinta deixou a agremiação de mudança para Caxias. No pré-carnaval, muita tensão, Lane Santana assumiu o desfile da escola no meio da preparação após Roberto Szaniecki ser demitido. A apresentação sobre os sete pecados capitais não teve tanto destaque na plástica, mas sim por mais um samba inesquecível defendido por Dominguinhos e a bateria do mestre Ciça, que tinha Luma de Oliveira reinando.
2003 - A Viradouro canta e conta Bibi, uma homenagem ao teatro brasileiro
Depois de assessorar Max Lopes na década de 1990, Mauro Quintaes retornou a agremiação em 2003 agora para assinar um desfile solo. A homenagem à atriz Bibi Ferreira foi um dos grandes desfiles da Viradouro no especial na década passada, com belo samba e uma plástica bem elaborada, terminando num injusto sexto lugar.
2004 - Pediu Pra Pará, Parou! Com a Viradouro Eu Vou... Pro Círio de Nazaré
Com a permissão de reeditar antigos carnavais, a Viradouro foi uma das escolas que optaram por cantar um antigo samba. O escolhido da escola foi uma obra da extinta Unidos de São Carlos, atualmente chamada de Estácio de Sá, sobre o Círo de Nazaré. A homenagem à maior festa católica do país rendeu um desfile emocionante, com um ótimo trabalho plástico de Mauro Quintaes. Fazendo a agremiação terminar em quarto lugar.
2006 - Arquitetando Folias
Com a saída de Quintaes em 2005, um trio assumiu a escola, formado por Milton Cunha e os cenógrafos Mário Monteiro e Kaká Monteiro. Na divisão, Milton cuidou das fantasias e os cenógrafos das alegorias, o que rendeu uma belíssima plástica para a escola. Na disputada apuração daquele ano, a Viradouro chegou a liderar mas após os últimos quesitos caiu para a terceira posição.
2007 - A Viradouro vira o Jogo
Logo depois de estrear fazendo história e assinando grandes carnavais na Unidos da Tijuca, Paulo Barros se mudou para Niterói e fez um carnaval inesquecível na agremiação. Foi o décimo primeiro e último ano de Dominguinhos como o cantor da vermelho e branco, defendendo um samba alegre até hoje lembrado. A bateria de Ciça além do tradicional show no aspecto musical também causou ao vir em cima de um carro alegórico que representava o xadrez.
2014 - Sou a Terra de Ismael, 'Guanabaran' eu vou Cruzar... Pra Você Tiro o Chapéu, Rio eu vim te Abraçar
Com o rebaixamento inesperado com um desfile catastrófico em 2010, a Viradouro passou quarto carnavais no grupo de acesso lutando para voltar a elite. O feito só foi alcançado em 2014 numa bela homenagem a cidade natal da escola assinado pelo estreante João Vitor Araújo.
2015 - Nas veias do Brasil, é a Viradouro em um dia de graça
A última passagem na elite da folia foi embalada por uma bela obra, nascida da junção de duas canções compostas por Luiz Carlos da Vila. Foi uma atitude inédita de transformar um samba de meio de ano em trilha sonora do desfile, que foi atrapalhado pela forte chuva que abateu o Sambódromo, prejudicando a parte plástica.
Hoje, no dia de orgulho de ser Viradouro, comemorando os vinte anos do grande campeonato da escola, a gente homenageia de maneira singela essa vermelho e branco que já presenteou o carnaval com grandes momentos e fez história na folia. Seja em Niterói ou no Rio, ela é de fato uma escola fundamental para nossa folia.
1 Comments
Esqueceu 1999
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