#SÉRIEDÉCADA: os 10 desfiles mais marcantes do carnaval paulistano da década

by - abril 27, 2020

O Carnavalize está de volta a pleno vapor! Após um breve descanso e uma diminuição de ritmo, nossa produção de conteúdo retorna com um quadro que estávamos super ansiosos para fazer: a #SérieDécada! A segunda década desse século, iniciada em 2011 e finalizada no carnaval que acabou de terminar em 2020, trouxe muitas reviravoltas e transformações para a folia! Para traçar um panorama de tudo que aconteceu nestes últimos anos, tem texto novo todas as segundas, quartas e sextas-feiras.

Além disso, nos dias seguintes às divulgações dos textos - ou seja, terças, quintas e sábados - um podcast especial será lançado com nossos comentários em áudio sobre os desfiles, os bastidores das escolhas, e as nossas divergências de opiniões!

Como é impossível fazer uma seleção que agrade não só às leitoras e aos leitores, como também aos integrantes do Carnavalize de forma unânime, cada categoria também contará com menções honrosas que por pouquíssimo não entraram no ranking principal.

Arte e visual: Vítor Melo/Carnavalize | Foto: G1/Globo.com
                                                                                                           Por Juliana Yamamoto e Leonardo Antan
                                                                                                          Revisão: Felipe Tinoco

Essa foi sem dúvidas uma década e tanto para o carnaval de São Paulo. Além de se mostrar cada vez mais competitivo, os desfiles do Anhembi cresceram também em importância no cenário nacional, ganhando cada vez mais destaque e repercussão e revelando talentos que se projetaram pelo país afora. Esteticamente e estruturalmente, a folia paulistana também cresceu e muito com o aumento de investimento e de apoio de infraestrutura dos governantes locais. Prova disso foi a inauguração da Fábrica do Samba, na qual se reúnem os barracões das agremiações do Grupo Especial. Com uma disputa cada vez mais equilibrada, surgiram ainda um número expressivo de três campeãs inéditas nesses últimos anos: Tatuapé em 2017, Mancha Verde em 2019 e Águia de Ouro em 2020. 

Essas informações reiteram que, ainda que se preservem algumas polêmicas na apuração e críticas à folia da cidade, o carnaval da Terra da Garoa está entre os maiores do Brasil E é assim, nesses 10 anos de folia, que o Sambódromo do Anhembi foi presenteado com inesquecíveis e marcantes apresentações. A seleção abaixo apresenta algumas campeãs, outras não - mas todos são desfiles que se destacaram por sua força, com a colaboração de um grande samba-enredo e também a competência de profissionais nos quesitos. 

Chega de papo e venha conferir os 10 desfiles que elencamos como os mais marcantes do Grupo Especial do Sambódromo do Anhembi na década de 2011 a 2020! (A gente lembra sempre que a lista é escrita SEM ordem hierárquica, disposta de forma livre, e não em forma de ranking.)


Vai-Vai 2011 
(A Música Venceu)

Feliz da vida, lá vem o Bixiga! O som de doces violinos se juntou à batida ancestral da bateria Pegada de Macaco para louvar um dos maiores nomes da música clássica brasileira. Mostrando que "A música venceu" em seu enredo, a escola do povo levou para a Avenida a história de vida e de superação do maestro João Carlos Martins. Embalada por um dos melhores e mais emocionantes sambas-enredos da década, a Saracura foi a penúltima a desfilar na sexta-feira, com o sol já raiando. A obra musical misturava todo o lirismo que o enredo pedia com a garra característica do exemplo de comunidade da Bela Vista. Ambos os aspectos deram o tom para arrebatar o Anhembi.

Detalhes do abre-alas do Vai-Vai que possuía mais de 70 metros. Foto: G1 (Globo)
Na parte plástica, a batuta ficou por conta do experiente carnavalesco Alexandre Louzada em sua estreia na folia paulistana. Por isso, não faltaram grandiosas alegorias no cortejo: só o abre-alas possuía mais de 70 metros. Apesar do carro ter sofrido uma pequena avaria na lateral ao entrar no Sambódromo, não comprometeu a emocionante apresentação. Outro destaque foi a Comissão de Frente, com elementos que lembravam a obra de Salvador Dalí. Ela trouxe ainda símbolos que marcaram a vida do artista como a música, a política, as mulheres e o futebol. Na parte musical, a bateria comandada pelo Mestre Tadeu também brilhou com seus 300 ritmistas e o samba defendido pelo carro de som comandado pelo intérprete Wander Pires. Eles ajudaram a conduzir a preta e branca para seu 14º título do carnaval de São Paulo.

Mocidade Alegre 2012 
(Ojuobá – No Céu, os Olhos o Rei... Na Terra, a Morada dos Milagres... No Coração, um Obá Muito Amado!)

Tenho sangue guerreiro, sou Mocidade… Não dava para falar dessa década na folia paulista sem lembrar da agremiação que mais faturou títulos por lá. Depois uma apresentação problemática em 2011, a Morada do Samba escolheu um enredo em comemoração ao centenário do escritor Jorge Amado, tendo como fio condutor o livro “Tenda dos Milagres”, de 1969. Mergulhando na cultura baiana, na narrativa proposta não faltaram elementos do candomblé, da capoeira e da luta contra a intolerância religiosa - os quais integram o universo do livro que Jorge mais gosta de ter escrito.

O suntuoso e imponente abre-alas da Morada do Samba. Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP/Veja
Se no Anhembi o que se viu foi uma apresentação inesquecível, poucos se lembram que em janeiro de 2012 um incêndio atingiu o barracão da escola no qual algumas alegorias e esculturas foram danificadas. A diretoria e a comunidade se uniram para terminar o carnaval e mesmo com o contratempo a agremiação do bairro do Limão apresentou um magnífico desfile, evidenciando a força dos seus quesitos e, principalmente, da comunidade. Um dos sambas mais fortes da história da Mocidade Alegre foi a trilha sonora do desfile marcado pela emoção e superação, muito bem embalado pela bateria Ritmo Puro, que ousou com paradinhas que levantaram o público. No visual da apresentação, o trabalho da dupla de carnavalescos Sidnei França e Márcio Gonçalves foi impecável e se destacou pela impactante abertura em tons de vermelhos e alaranjados. Tantas qualidades resultaram não só em um desfile para lá de marcante, como também no incontestável campeonato.

Acadêmicos do Tucuruvi 2013 
(Mazzaropi: o adorável caipira. 100 anos de alegria)

Sai da frente a alegria vai passar! Depois de apresentações mais emocionantes e imponentes, trazemos um pouco de leveza para a lista. Foi com um visual colorido e alegre que o Acadêmicos do Tucuruvi levou para a Avenida uma grande homenagem ao humorista Mazzaropi, que no ano anterior havia comemorado o seu centenário. O desfile marca o belo casamento entre a azul e branco e o carnavalesco Wagner Santos. À época, o artista estava indo para o seu quarto ano na escola, por onde seguiria por mais alguns carnavais.

O abre-alas do Tucuruvi representava o circo, parte importante da vida de Mazzaropi. Foto: Reprodução Jovem Pan.
Contando a história do ator que levou multidões ao cinema brasileiro, o enredo abordou a carreira profissional do artista, suas paixões pessoais e fatos marcantes da sua trajetória. Os carros alegóricos representavam as cinco áreas de atuação sobre as quais o homenageado passeou: o circo, o teatro de rua, o rádio, o programa Rancho Alegre e o cinema. Wagner abusou das cores e apresentou um visual bonito, com a irreverência que fazia jus ao homenageado. Esse tom também foi percebido no excelente samba-enredo de letra descontraída, comprado pela arquibancada e muito bem conduzido pelo intérprete Igor Sorriso, estreante na Terra da Garoa. Foi tanta leveza que o “Zaca” deslizou no sambódromo, divertindo e  encantando o público como se fosse uma obra do Caipira mais amado do Brasil. Pena que o final dessa história não foi tão feliz e os jurados não enxergaram tantas qualidades na comédia estrelada pelo Tucuruvi. A agremiação terminou em um modesto 6º lugar.

Mocidade Alegre 2014 
(Andar com Fé Eu Vou, Que a Fé Não Costuma Falhar)

Depois de 2012, a Mocidade Alegre reaparece na lista com o último título de um tricampeonato que se encerrou em uma emocionante apresentação cujo tema era Fé. Muito inspirada na figura da presidente Solange Bichara, famosa por seus terços nas apurações, a vermelho, verde e branco do Limão falou de todo o tipo de fé no enredo que novamente contou com a assinatura de Sidnei França e Márcio Gonçalves. Abordando as diferentes maneiras de vivenciá-la, a Morada do Samba mostrou a religiosidade de várias partes do mundo e, notadamente, do Brasil.

Detalhes do abre-alas da Mocidade que trouxe elementos que representam a fé. Foto: Flavio Moraes/G1 (Globo)
Um dos destaques foi a comissão de frente comandada pelo coreógrafo Robério Theodoro. Ela representou o poder da sedução, com parte dos bailarinos vendados, guiados apenas pela voz do coreógrafo. Ainda que tenha gerado uma bela imagem, foi outro o grande marco daquele desfile: uma coreografia ousada que envolveu toda a escola, quando os componentes se ajoelhavam em determinados momentos do samba. A bateria do Mestre Sombra abusou novamente de bossas e paradinhas características. Outro destaque ficou com o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Emerson e Karina, que conquistou a nota máxima. Apesar de não ser uma unanimidade como 2012, o desfile possuí consistência técnica de sobra que contribuiu para o derradeiro título da escola na década.

Vai-Vai 2015 
(Simplesmente Elis - A fábula de uma voz transversal do tempo)

Carnaval, a Bela Vista está em festa! Depois da bela homenagem ao maestro João Carlos Martins, foi apostando em mais um tributo a um grande nome da música brasileira que a Escola do Povo voltou a fazer uma apresentação para lá de emocionante. A escolhida na ocasião foi ninguém menos que Elis Regina, considera por muitos a maior cantora brasileira e com uma forte ligação com o bairro do Bixiga. Nos anos 70, ela gravou sambas do compositor Adoniran Barbosa, que se tornou o maior símbolo do bairro. O enredo optou por não contar simplesmente a biografia da homenageada, relembrando as grandes e inesquecíveis canções eternizadas na voz da Pimentinha. Se o samba-enredo corria o risco de virar uma colcha de retalhos com tantas citações, a missão foi muito bem cumprida pela parceira vencedora da disputa que ousou ao criar um refrão que lembrava a canção "Maria, Maria", de Milton Nascimento. Sambão garantido, a comunidade do Bixiga fez seu dever de casa mais uma vez e contagiaram o Anhembi sob a brilhante condução do intérprete Gilsinho.

Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Vai-Vai, Pingo e Paulinha. Foto: Alexandre Schneider/UOL
Mais uma vez, a preto e branco não deixou a dever em emoção, como na bela Comissão de Frente da agremiação que contou com a presença de ninguém menos que Maria Rita, filha caçula da homenageada. Além dela, os outros herdeiros da cantora, João Marcelo e Pedro Mariano, também marcaram presença. Se comunicação com o público não faltou tanto pela obra musical quanto pelo enredo de fácil assimilação, a escola deixou a desejar nos quesitos plásticos, principalmente em alegorias. Apesar de problemático, o visual assinado por Alexandre Louzada, que dessa vez assinou com André Marins e Delmo de Moraes, não tirou a escola da disputa com uma apresentação muito mais ilustre nos quesitos musicais e de pista. Desbancando a tricampeã Mocidade Alegre, que também fez um ótimo carnaval, o Vai-Vai acabou conquistando o seu décimo quinto título da escola nos braços de seu povo.


Império de Casa Verde 2016 
(Império dos Mistérios)

Uma nação guerreira, a grande estrela desse carnaval! Parecia que esse verso do samba-enredo do Império de Casa Verde premeditava o que aconteceria naquele ano de 2016. Neste carnaval, a grande estrela da folia paulistana foi o renascimento da agremiação. A escola havia marcado sua identidade com grandiosos e luxuosos desfiles na década anterior, conquistando nada menos que um bicampeonato no período 2005-2006. O espírito opulento do Tigre, que estava adormecido, foi retomado com a chegada do carnavalesco Jorge Freitas à agremiação.

O carnavalesco Jorge Freitas trouxe de volta o luxo característico do Império. Foto: Jefferson Pancieri/ SPTuris
O enredo abordava os grandes mistérios da humanidade, passando pelo lado inexplicável da fé, da vida após a morte e da origem da humanidade. Com carros extremamente luxuosos e impecáveis fantasias, o casamento entre Jorge Freitas e o Império não poderia ter se iniciado de forma mais interessante. O abre-alas imponente possuía nada menos que 75m de comprimento e 15m de altura. Além de apresentar o melhor visual das duas noites, a comunidade da Casa Verde mostrou a sua força. Junta ao excelente desempenho da Barcelona do Samba, o chão colaborou ainda mais para a quebra do jejum que já durava dez anos, garantindo o terceiro título da história da agremiação.


Dragões da Real 2017 
(Dragões canta Asa Branca)

Vem forrozear que o sanfoneiro vai tocar! Mesmo com pouca idade, a Dragões da Real se mostrava destinada a uma trajetória grandiosa na folia paulistana. A agremiação formada pela torcida organizada do time São Paulo se fixou no Grupo Especial logo na primeira metade da década e aos poucos foi conquistando posições e mais destaque. Assim, a competência da tricolor se confirmou com uma das grandes apresentações da década. Após temáticas mais lúdicas, a inspiração veio de um clássico de Luiz Gonzaga e a famosa Asa Branca guiou um enredo que homenageou o Nordeste do Brasil (que segurou o país nas costas nas eleições do ano seguinte).

O abre-alas da Dragões da Real foi um dos grandes destaques do desfile. Foto: Acervo/Reprodução Dragões da Real
Assinada por uma comissão de carnaval formada por Jorge Silveira, Márcio Gonçalves, Dione Leite e Rogério Félix, a agremiação da Vila Anastácio impressionou com suas alegorias e recursos criativos que renderem um belíssimo efeito. Além do visual, a vermelho e branco conquistou o público presente por meio do animado samba-enredo inspirado na música que foi eleita pela Academia Brasileira de Letras como uma das mais marcantes do século 20. A bateria comandada pelo Mestre Tornado ousou em paradinhas e bossas, elevando ainda mais o nível da apresentação. A comissão de frente representando o esforço dos sertanejos para conseguir plantar também causou forte comoção. A Dragões, então, escreveu seu nome na história no Anhembi com um desfile emocionante e valente. Uma pena foi que a alegria se tornou um lamento sertanejo na apuração. Inexplicavelmente, a escola perdeu o título na última nota no quesito samba-enredo para o Acadêmicos do Tatuapé, faturando apenas o vice-campeonato. A colocação não tirou o brilho de um desfile inesquecível da comunidade de gente feliz e arretada.

Acadêmicos do Tatuapé 2018 
(Maranhão: os tambores vão ecoar na terra da encantaria)

A segunda metade da década de 2010 foi marcada pela competência de uma agremiação: Acadêmicos do Tatuapé. A história vitoriosa começou anos antes, em 2016, quando a azul e branco surpreendeu ao conquistar o vice-campeonato homenageando a coirmã carioca Beija-Flor de Nilópolis. No ano seguinte, o esperado primeiro título da história da escola foi conquistado em cima do desfile da Dragões comentado anteriormente. Depois, porém, para quem achava que tinham sido dois acasos, o resultado de 2018 acabou com as dúvidas e firmou o estilo de desfilar mais técnico do bairro da Zona Leste.

Detalhes do abre-alas da escola da Zona Leste. Foto: Reprodução LigaSP
Após uma passagem marcante no Tucuruvi, o carnavalesco Wagner Santos fez sua estreia pela agremiação e levou um Maranhão multicolorido ao público. No desfile foram abordados diversos aspectos da cultura do estado, como suas lendas e sua música. O carnavalesco, que é maranhense, já havia abordado o tema em 2010 pelo Tucuruvi, mas conseguiu apresentar originalidade na apresentação. Além do belo trabalho plástico, uma das principais forças no desfile foi o samba-enredo, considerado um dos melhores da safra. Ele foi onduzido pelo carismático e talentoso Celsinho Melody, uma revelação da década que também brilhou no Sambódromo carioca. A bateria do Mestre Higor se destacou com paradões e bossas ao ritmo de reggae, muito popular no Maranhão. A comunidade novamente deu conta do recado e mostrou que estava confiante em busca do segundo título. No desfile imponente e técnico, o carnaval de São Paulo se deparou com a confirmação de uma nova estrela. 

Gaviões da Fiel 2019 
(A saliva do santo e o veneno da serpente)

“Sou Gavião você pode acreditar”. Os Gaviões da Fiel tentavam voltar aos seus tempos áureos buscando as primeiras posições. Para isso, a escola decidiu apostar em uma reedição do enredo de 1994, que naquele ano os levou ao vice-campeonato. “A saliva do santo e veneno da serpente” foi assinada pelo carnavalesco Sidnei França e encerrou o carnaval de 2019 com um desfile arrebatador. A reedição contou a história, as lendas, os benefícios e malefícios do tabaco. Sidnei recontou o tema apresentado há 25 anos pelo carnavalesco Raul Diniz com seu toque. Algumas adaptações nas alegorias foram feitas, mas a essência do enredo se manteve a mesma.

O abre-alas do Gaviões representa o medo e a fé. Foto: Marcelo Brandt/G1
A trilha sonora do desfile foi a principal atração. O samba-enredo é até hoje cantado pela torcida do Corinthians nos estádios, construindo sua grande popularidade. “Sarava, saravá, salve o santo guerreiro” foi entoado pela arquibancada no Sambódromo, fortalecendo ainda mais a apresentação. O público vinha abaixo com a escola a cada verso defendido pelo intérprete Ernesto Teixeira. Durante a apresentação, por alguns momentos o cantor dizia: “esse ano vai dar, eu falei”. A bateria do Mestre Ciro foi uma das melhores da noite e recriou as mesmas bossas apresentadas vinte e cinco anos antes. As alegorias, por sua vez, não apresentaram uma regularidade durante o desfile. Entretanto, isso não atrapalhou o espetáculo apresentado pela agremiação alvinegra. Assim, o carnaval de 2019 foi encerrado com uma apresentação estupenda, arrebatando todos que estavam presentes. Pena que a emoção do desfile não foi o suficiente para conquistar integralmente o polêmico júri paulistano, que deu apenas o 9º lugar a Gaviões.

Mocidade Alegre 2020 
(Do Canto das Yabás, Renasce Uma Nova Morada)

Nossa Morada renascerá… Depois de conquistar seu tricampeonato, a Mocidade Alegre patinou entre apresentações que não mostraram a mesma força de antes. Após complicações, a escola pisou no Anhembi em 2020 buscando renascer e, para isso, resolveu apostar novamente em um dito enredo afro. Reforçando o time de carnavalesco da alvirrubra, Edson Pereira se juntou a Márcio Gonçalves e Paulo Brasil na assinatura do cortejo. O enredo “Do canto das Yabás, renasce uma nova Morada” foi responsável por encantar o Anhembi na apresentação plasticamente irretocável e com a força característica e única da Morada do Samba.

“Nas águas de Iemanjá” foi um dos carros que mais chamou a atenção no desfile. Foto: Juliana Yamamoto/Carnavalize
A narrativa exaltava o poder das orixás femininas – as yabás - para reconstruir o planeta. Através do canto das divindades, existia a esperança para que a humanidade melhorasse e retomasse sua conexão com Olorum, o criador do mundo, possibilitando com que a Terra voltasse a ser um paraíso. O samba-enredo forte e muito bem interpretado por Igor Sorriso embalou uma apresentação esteticamente impressionante, com destaques para o Abre-Alas com a Morada de Olorum e o segundo carro "Nas Águas de Iemanjá". Este contou com 5 mil litros de água reutilizada em fontes e bolhas.

Mais uma vez, a Ritmo Puro levantou as arquibancadas e arrepiou o público com várias paradinhas e bossas. A comunidade do bairro do Limão também teve um excelente desempenho na busca pelo campeonato. Uma apresentação irretocável em todos os quesitos mostrou a força da Morada e a força das mulheres, que representavam 70% dos componentes no desfile. A agremiação não foi campeã - terminou na 3º colocação - mas nos presenteou com um espetáculo e com a certeza que a Mocidade Alegre renasceu.

Menções honrosas:

Não faltaram apresentações grandiosas e marcantes no Anhembi na última década e, por isso, a seleção não foi nem um pouco fácil. Procuramos traçar um panorama que mostrasse as transformações e o crescimento da folia paulistana, embaladas pelo investimento e o aperfeiçoamento de sua infraestrutura. Como comentado, esses aspectos contribuíram para o aumento da competitividade da festa, que coroou ainda o surgimento de novas protagonistas. Já que citar apenas dez desfiles era missão difícil, separamos alguns outros espetáculos que também valem ser relembrados como destaques dos últimos anos. 

Rosas de Ouro 2012 (O Reino de Justus)

Águia de Ouro 2013 (Minha missão: O canto do povo, João Nogueira)

Mocidade Alegre 2015 (Nos palcos da vida, uma vida no palco… Marília!)

Acadêmicos do Tatuapé 2017 (Mãe-África conta a sua história: Do berço sagrado da humanidade ao abençoado menino da terra do ouro)

Império de Casa Verde 2018 (O povo, a nobreza real)

Mancha Verde 2019 (Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra)

Águia de Ouro 2020 (O Poder do Saber – Se saber é poder… Quem sabe faz a hora, não espera acontecer)

Dragões da Real 2020 (A Revolução do Riso: A arte de subverter o mundo pelo divino poder da alegria).

Para você, qual seria o #TOP10? Qual desfile colocaria ou tiraria da nossa lista principal? Comente com a gente! #CarnavalizeSP.

Além dos textos com as listas, o #PodcastDoCarnavalize também retorna trazendo os bastidores de cada escolha, das decisões, do que discordamos e concordamos, um dia após a liberação de cada #TOP10! Os membros do Carnavalize, de quarentena, reviram vários desfiles e votaram pelos 10 destaques de sambas, desfiles, comissões de frente, personalidades… É óbvio que não faltou debate! É conteúdo pra ler e ouvir durante as próximas três semanas! Se liiiga e carnavalize conosco!

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