5x Beija-Flor: A sina milenar nilopolitana
por Leonardo Antan

Então o enredo é banho? Ótimo. Vamos descobrir o primeiro banho da humanidade. Cavalo? OK. Qual a origem milenar do animal?
É a sina milenar da Deusa da Passarela. Por isso, nós separamos os cincos desfiles que a Beija-Flor foi ainda mais Beija-Flor e abusou do Egito, Fenícios, Gregos sabe-se lá mais o que em seus desfiles. Apertem os cintos, a viagem vai começar!
1986 - O Mundo é uma Bola
"É milenar a invenção do futebol..."
Se podemos achar um culpado por essa sina ancestral, ele só pode ser um: Joãosinho Trinta. Esse revolucionário da folia transformou a escola nessa potência que ela é hoje. Lá em 1976, fez a inexpressiva agremiação de Nilópolis ganhar seu primeiro carnaval. No ano seguinte, ele já deu o tom ao contar a história do carnaval, começou nas antigas civilizações. Em 1986, a missão era contar a história do futebol em ano de Copa do Mundo. Apesar do futebol moderno só ter nascido (oficialmente) na Inglaterra no século XIX, o genial J30 afirmou "é milenar a invenção do futebol". E fez um grande passeio pelos antecedentes do esporte mais amado pelos brasileiros. Passando pelo Ásia, Roma e a Idade Média. Com um desfile inesquecível, marcado pela forte chuva que molhou até os joelhos dos componentes, a escola fez aquela apresentação com a raça que só ela tem. Afinal, a Beija-Flor é raça. E o mundo é uma bola.
2006 - Poços de Caldas derrama sobre a Terra suas águas milagrosas. Do caos inicial à explosão da vida... Água - A nave-mãe da existência
"Do caos inicial a explosão da vida..."
Duvido que você tenta lido o nome do enredo até o final! Além da sina milenar, a Beija-Flor gosta de de um nome pomposo. E gigantesco. Vinte anos depois de cantar as origens milenares do futebol, a Beija-Flor fez outra longa viagem e, dessa vez, foi longe mesmo, até as origens do nosso planeta. O enredo que pretendia fazer uma homenagem a cidade mineira de Poços de Caldas, viajou milênios até o caos inicial a explosão da vida para louvar a água, nave-mãe da existência. Nesse rocambole teve Atlântida, rei Netuno, mensagem ecológica, muita pena de pavão e o luxo que lhe é peculiar. A confusão não deu muito certo e após o tricampeonato, a Deusa da Passarela amargou apenas a quinta colação.
2009 - No chuveiro da alegria, quem banha o corpo lava a alma na folia
"Lá no Egito começou o hábito de se banhar..."
Depois de mais um bicampeonato, a rainha de Nilópolis voltou aos nossos primórdios, agora atrás das origens do hábito de se banhar. O início não podia ser outro: o mítico Egito, com direito a abre-alas ostentação. Apesar do tom sempre sisudo, a Comissão de Frente foi um dos destaques por sua apresentação irreverente, que misturava uma pirâmide egípcia com uma deliciosa "farofa" num praia brasileira. O enredo seguiu seu tempo épico e viajou ao Oriente, à idade da trevas, às tribos indígenas, à França e terminou numa festa em louvação aos orixás ligados à água, naquela macumba deliciosa. Nada mais Beija-Flor. Orixás, Egito e muita riqueza.
2013 - Amigo fiel - Do Cavalo do Amanhecer ao Mangalarga marchador
"Venho de longe de uma era milenar"
O enredo era improvável: o cavalo Mangalarga machador. O desenvolvimento não poderia seguir outra linha. Dessa vez não foi Egito, mas também nem tão longe até a explosão inicial, ficamos ali pela pré-história mesmo, com os primeiros animais que se assemelhavam ao cavalos de hoje. Daí pro Mangalarga, a história seguiu, cumprindo umas escalas essenciais como Grécia, Idade Média, pra então desembarcar em terras brasileiras. O samba dizia "Se a memória não me falha chegou a hora de gritar é campeã", com a ousadia e marra que só Nilópolis pode ter. Mas a morna apresentação, só garantiu o vice-campeonato.
2014 - O astro iluminado da comunicação brasileira
"E viajar no tempo, no som um sentimento..."
Logo depois de procurar a origem ancestral do Cavalo, o pacote de milhagem não acabou. Um simples enredo em homenagem ao Boni, figura fundamental para a televisão brasileira, que poderia ter gerado um divertido passeio pelas grandes produções globais, foi além. Mas muito além. Lá numa era milenar. O enredo virou a história da comunicação, algo grande demais para apenas oito setores A viagem foi extensa e começou lá nos Assírios, Fenícios, passou como sempre pela Grécia, Egito, até nos últimos setores finalmente desembarcar na televisão brasileira. O samba dispensa apresentações e a colocação também, a pior da escola desde 1992.
Milenar, ancestral, valente, guerreira, nilopolitana. Seria a busca pela origem milenar uma tentativa pela afirmação da Beija-Flor? Como se a soberana precisasse disso. A azul e branco é uma das maiores escolas da nossa folia, um exemplo de competência e samba. A marca do carnaval é ela.
Bye bye. Evoé!
Mais um ótimo artigo. Só permitem uma correção: Em 2006 a Beija-Flor foi quinta colocada, e não sexta.
ResponderExcluirÓtimo texto! Só me permitam uma correção o desfile 2013 não teve nada de morno e......."só o vice campeonato" soa estranho!!!!
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