Vazio de carnaval - Um manifesto ao povo de carnaval
O projeto “Vazio de Carnaval” apresenta uma série de perfis de profissionais que dedicaram sua vida à folia brasileira e tiveram seus trabalhos afetados pela pandemia. As histórias desses personagens foram registradas em depoimentos em vídeos e numa sessão de fotos que serão postados diariamente nas redes sociais do coletivo, com foco no Instagram.
A iniciativa foi batizada de “Vazio de Carnaval” não só pelo hiato dos desfiles neste ano e o deserto das avenidas, mas também pelo próprio silêncio das agremiações durante esse período. Serão ao todo dez personagens fotografados pelas lentes de George Magaraia, publicados diariamente em nossas redes. A ideia de fotografar profissionais vai ao encontro com a proposta originária do Carnavalize: enxergar o carnaval como uma potente manifestação artística e social.
Veja nosso vídeo manifesto com narração de Milton Cunha:
Veja nosso vídeo manifesto com narração de Milton Cunha:
FLÁVIO POLYCARPO
32 anos de carnaval
Foto: George Magaraia. |
Atuando no carnaval há mais de trinta anos, Flávio Polycarpo é um dos principais escultores da festa. Suas produções em isopor e fibra de vidro já estiveram presentes em mais 22 escolas de samba: no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Santa Catarina. Sua trajetória no carnaval começou em 1989, quando foi convidado pelo diretor de adereço da Mocidade Independente de Padre Miguel, Geraldinho, para produzir esculturas de carnaval no Atelier Getúlio Barbosa. Em 2015, ele criou a Polyscultura, empresa de escultura que atende tanto as escolas de samba, como festas temáticas e eventos.
Depoimento de Flávio:
Depoimento de Flávio:
"Eu comecei no carnaval, a gente fazia mais de de 20 alegorias, depois baixaram para 12, depois 8. E a coisa vem dando uma enxugada de um tempo para cá, então a gente acaba tendo que adaptar e trabalhar em outros mercados também", conta o escultor Flávio Polycarpo.
Flávio Polycarpo relatou ao Carnavalize sua visão aos impactos da pandemia:
"(...) isso afeta não só as pessoas que trabalham comigo, mas um número de mais de duas mil famílias. São mais de dois mil profissionais, dentro do carnaval carioca, que vivenciam e vivem quase exclusivamente do mercado do carnaval."
IVONETE CANDIDO (DONA NETE)
22 anos de carnaval
Ao acompanhar uma amiga que angariava uma vaga como aderecista no barracão da Grande Rio, Nete foi descoberta como modelista pelos diretores que lá estavam. No primeiro momento, a então enfermeira negou o convite, mas após diversas investidas por parte da escola e pelo carnavalesco da época, Alexandre Louzada, ela se rendeu e aos poucos foi pegando gosto pela produção carnavalesca. Hoje, depois de 22 anos na tricolor da baixada, a costureira não consegue pensar em sua vida longe do carnaval. Ao lado de renomados carnavalescos como Joãosinho Trinta, Max Lopes, Alexandre Louzada e outros, Nete foi dando um nó aqui e dando corpo às criações dos artistas acolá. No último ano, diante de todas as adversidades, ao lado de uma pequena equipe no barracão da Grande Rio a costureira coordenou a confecção de mais de 32 mil máscaras anti-virais doadas para a comunidade e hospitais.
Depoimento de Nete:
“(...) ele foi me mostrando os desenhos, né?! E com aqueles desenhos eu tinha que fazer as modelagens e os cortes para poder montar a fantasia. E assim, eu fiz! Dei tudo de mim e acabei fazendo. Eles adoraram e queriam que eu ficasse (...) e assim foi… eu fui continuando e até hoje eu estou no carnaval”, relata a bem humorada costureira Nete ao Carnavalize.
Os reflexos da pandemia para Nete Candido:
“Eu trabalho com uma equipe, e essa equipe - aderecistas e costureiras - elas ficaram muito tristes, porque contavam com esse trabalho do carnaval. Todo mundo conta com esse trabalho do carnaval! Já ficam ali pensando: “poxa, Nete, não vai ter nada para fazer?!”, eu falei: “não vai ter! Carnaval acabou esse ano, só ano que vem.”, e foi muito difícil para falar para elas (...) todo mundo fica esperando para já começar a trabalhar.”
DANIELA RENZO
20 anos de carnaval
Foto: Juliana Yamamoto. |
A preparadora de casais de mestre-sala e porta-bandeira, Daniela Renzo, atua no carnaval há 20 anos e é uma das principais artistas envolvidas na arte. Sua relação com o carnaval não veio de uma família de sambistas, mas sim por meio da faculdade, tendo contato com grandes nomes do quesito. Daniela também foi por muitos anos porta-bandeira, com passagens em escolas como o Morro de Casa Verde. Seu trabalho como preparadora iniciou em 2004 quando se integrou na AMESPBEESP (Associação de Mestre Sala, Porta Bandeira e Estandarte de São Paulo). Atualmente, a profissional cuida de defensores do pavilhão de São Paulo e do Rio. Em 2020, ajudou os casais de Tom Maior, Tatuapé e Mancha Verde.
Depoimento de Daniela:
Depoimento de Daniela:
"Eu fui introduzida a esse universo maravilhoso através de um trabalho pra faculdade. Eu fiz faculdade de Artes Cênicas na UNESP e lá na faculdade eu fazia parte de um grupo de danças folclóricas brasileiras e aí através desse trabalho que eu fiz sobre escolas de samba eu acabei sendo introduzida nesse universo e fiquei completamente apaixonada. Nesse mesmo período fazendo essa pesquisa eu conheci Gabriel de Souza Martins, Vivi Martins, Ednei Pedro Mariano e Sonia Maria, fiz uma oficina com eles de mestre-sala e porta-bandeira de uma forma totalmente despretensiosa só pra conhecer e pra saber como era e eu acho que acabei levando um pouquinho de jeito pra coisa", contou Daniela em depoimento para o projeto.
Os reflexos da pandemia para Daniela Renzo:
"É um período muito delicado esse que nós vivemos. Óbvio que pegou todo mundo de surpresa, ninguém iria imaginar que ficaríamos longe uns dos outros tanto tempo (...). Afetou bastante, estou sentindo muita falta do calor humano, de estar com as pessoas, de trabalhar, de produzir, de ver a nossa arte tomando forma. Isso realmente afetou bastante, tenho conversado com alguns dos meus casais e eles estão até emocionalmente abalados por de repetente terem sido cerceados das coisas que eles mais amavam na vida, que é dançar. Então é um momento muito delicado..."
ERYCK QUIRINO
10 anos de carnaval
Foto: George Magaraia. |
Eryck é ritmista da Mocidade Independente de Padre Miguel, onde desfila no naipe de cuícas há dez anos, sendo inclusive a cuíca microfonada da Não Existe Mais Quente. Além disso, também desfila na bateria da Grande Rio, representando o naipe de caixas da Invocada. A aproximação de Eryck com o carnaval se deu por intermédio da família, por ambos os lados da árvore genealógica. Pelo lado do pai, é filho de Quirininho e neto de Quirino da Cuíca, lendário cuiqueiro que integrou a seleção de Mestre André. Pelo lado da mãe, tem laços com Mangueira e Beija-Flor, contando com familiares em diversas escolas e setores das escolas.
Depoimento de Eryck Quirino:
"(...) A gente cresceu nesse meio, vivendo com o carnaval a todo momento. Tenho primo mestre-sala, tenho tio que já foi mestre de bateria, em bloco de rua também… Carnaval na nossa vida não é só a Escola de Samba, tem a parte do carnaval de rua também. Já saí em turma de bate-bola, e isso tudo é uma influência gigantesca dentro da festa, e aí esse mês que a gente não tá tendo nada por aqui né… A gente não tem o que tá acostumado em fevereiro”.
Os reflexos da pandemia para Eryck Quirino:
"A galera depende desse meio do carnaval né, desse meio de escola de samba, do carnaval de rua até as escolas de samba. Desde a galera que trabalha em ateliês, galera que faz shows, que trabalha com oficinas de percussão, que faz blocos. Que tem esse período de Maio até os desfiles pra trabalhar, fazer seu ganha pão, e nesse momento tá sem moral, e não tem saída de nenhum lado. Seja das escolas ou do Estado. (...) Eu também tenho um grupo de roda de samba-enredo, que tem mestre de bateria, tem ritmistas, e essa galera tá sentindo falta desse período festivo, de muito trabalho. "
FABIANO SILVA
23 anos de carnaval
Foto: George Magaraia. |
Fabiano Silva é baiano, mas tem dedicado a sua vida para a folia carioca há décadas. Ele começou sua trajetória no barracão da Vila Isabel para conseguir sua independência financeira e desde então se sustenta do carnaval. Já atuou como aderecista e decorador em agremiações cariocas dos mais diferentes grupos. Além da bagagem nacional, acumula ainda experiências internacionais em carnavais pelo mundo todo, principalmente no Japão, França, Itália e Espanha. Além dos bastidores de barracão, Fabiano brilha também na Avenida como destaque de luxo e passista. Nessas funções, integrou o elenco de shows e eventos turísticos, como o espetáculo "Forças da Natureza", realizado na Cidade do Samba.
Depoimento de Fabiano Silva:
"Se você corta a verba do carnaval, você também corta a verba do profissional. Se você tira a verba do profissional, não diminui aquela conta que ele tinha que pagar. (...) O carnaval é antes, durante e depois. O Rio não para só no período do carnaval, nós trabalhamos de seis a sete meses e as pessoas não sabem disso."
Os reflexos da pandemia para Fabiano Silva:
"Além do carnaval do Rio, há festas no mundo todo que são influenciadas. Em 2022, o que todo sambista está esperando é um grande carnaval. Um carnaval pra gente agradecer por estar vivo e a vida poder voltar ao normal, poder contar com aquele dinheiro novamente. E ter a alegria que o carnaval leva, não só na Avenida, mas nas nossas vidas em si. Além de pagar as minhas dívidas, eu ainda tenho uma equipe de doze pessoas. São doze profissionais que ficam esperando o meu trabalho."
CARMEM BAIANA
40 anos de carnaval
Foto: George Magaraia. |
Nascida em Salvador-BA, Carmem Maria ou - como é carinhosamente chamada no meio carnavalesco - “A Baiana”, apelido dado por ninguém menos que Viriato Ferreira, mora no Rio de Janeiro há mais de 40 anos. Quando chegou na capital carioca foi a convite de uma amiga trabalhar com Viriato, daí veio a sua introdução ao carnaval. A costureira já passou por todas as escolas de samba do carnaval carioca e trabalhou com grandes nomes da nossa festa, fazendo modelagem, cortes e costura. Baiana já se aventurou na costura por diversos meios do entretenimento, chegando a trabalhar para peças de teatro, novelas e concertos. Por muito tempo fez parte do atelier do Jurandir no Jacarezinho e há dois carnavais é a costureira mais querida do atelier Alessa Reis, onde presta serviços para escolas como: Viradouro, Vila Isabel e Tuiuti.
Depoimento de Carmem Maria (Baiana):
“E outra, a aposentadoria não dá… eu dependo do carnaval (...) meus parentes moram tudo em Salvador, e eu e minha filha aqui, (...) tem minhas cachorrinhas, tem minha tartaruga… tenho que dar comida pra eles! E isso faz falta. O carnaval fez uma falta, não só pra mim, para todos nós que trabalhamos nesse ramo. Ficou brabo! Então, aparecer a vacina logo que tô doida pra me vacinar.”
O reflexos da pandemia na vida de Carmem Maria:
“Essa pandemia… Eu tô tomando remedinho porque eu fiquei nervosa, que 90 dias em casa sem fazer nada. No dia que eu saí, eu comecei a chorar de medo. Mas aparece um servicinho ali acolá e eu vou fazendo, para não entrar em parafuso. Eu tô conseguindo ir na rua fazer algum trabalho, tem que fazer! Eu vou fazer 70 anos, ficar sem fazer nada? Eu vou pirar. Mas graças a Deus eu tô indo!”
GUILHERME ESTEVÃO
8 anos de carnaval
Foto: George Magaraia. |
Guilherme é carnavalesco do Império da Tijuca, na Série A - um dos grupos que mais sofreu com o descaso sobre os desfiles das escolas de samba e com a pandemia pelo poder público. Antes disso, foi assistente de outro carnavalescos em escolas como União da Ilha e Porto da Pedra. Em 2020, na sua estreia, o artista fez um enredo sobre educação. Ao decorrer da pandemia, propôs ações que fortificaram as lições e os fundamentos do que compreendemos como escolas de samba. Com sua jovialidade, Guilherme se demonstrou uma liderança engajada, promovendo campanhas que ajudaram a repensar as ações de comunicação da escola do Morro da Formiga e ajudando sua equipe de profissionais.
Depoimento de Guilherme Estevão:
"Eu espero muito que essa pandemia passe o quanto antes. Que todo mundo se proteja, se vacine, e que a gente possa voltar a fazer carnaval, possa voltar a fazer essa cadeia produtiva girar... E que os nossos sonhos, inclusive os meus, possam desfilar na Avenida o mais breve possível!"
Os reflexos da pandemia para Guilherme Estevão:
"Hoje a gente está em meio a um processo muito triste, que é o momento de não realização dos desfiles. Na nossa rotina, fevereiro é sempre um momento de muita correria, de muito desgaste e de muita ansiedade, e esse é um fevereiro muito diferente, seja financeiramente, seja dos nossos sonhos, dos nossos desejos, das nossas vontades de fazer o povo feliz"
ALESSANDRA REIS
27 anos de carnaval
Foto: George Magaraia. |
Alessandra Reis administra um dos ateliês de fantasias mais requisitados entre as escolas de samba tanto do grupo especial como dos grupos de acesso. Além de atender por demanda, a aderecista e artesã coordena paralelamente a produção de figurinos e adereços da Vila Isabel e da Viradouro, somando mais de duzentos funcionários que foram impactados pela pandemia das equipes das duas agremiações.
Em tempos normais, além dos funcionários de barracão, o espaço no Santo Cristo chega a funcionar durante pelo menos dez meses do ano, empregando uma equipe de até trinta funcionários diretos. Atualmente, é um dos poucos espaços da folia que segue funcionando durante a pandemia, com um time três vezes menor que o usual, visando seguir os protocolos sanitários de segurança.
Depoimento de Alessandra Reis:
"Eu sou uma pessoa que o carnaval salvou. Eu vivo carnaval o ano todo e tenho muito amor pela minha arte. Quando eu cheguei em um ateliê, tudo que me davam, eu queria aprender. Eu fui para colar pedra, mas logo aprendi outra coisas", conta Alessandra.
Os reflexos da pandemia para Alessandra Reis:
"Não está fácil. A coisa foi tão forte que chegou um momento que eu tive uma crise de ansiedade, que eu precisei de uma psicóloga. Eu tinha as minhas neuras, os meus problemas e os problemas de muita gente que trabalha diretamente comigo. Foi quando eu comecei a pedir nas escolas: vamos fazer os protótipos, faz com um custo mais baixo. Segura o salário do ano passado. E assim, com muita dificuldade a gente foi começando. As pessoas estão precisando se sentir dignas de novo, é mais do que receber um salário."
BRUNO OLIVEIRA
20+ anos de carnaval
Foto: Juliana Yamamoto. |
Um dos responsáveis por um dos mais consolidados e conhecidos ateliês paulistanos, Bruno Oliveira, figurinista, atua no carnaval há mais de 20 anos. Sua relação com a festa começou em 1993 ao visitar a quadra de uma escola de samba para um ensaio, onde se apaixonou, desfilando na ala das crianças e até se aventurando como mestre-sala mirim. O seu trabalho com fantasias iniciou a partir de 1998, sendo o primeiro figurino assinado com apenas 11 anos. Já a confecção das fantasias de casal de mestre-sala e porta-bandeira deu início no carnaval de 2009, quando recebeu o convite do carnavalesco Tito Arantes, do Águia de Ouro, que estava no Grupo de Acesso. Além de confeccionar indumentárias dos defensores dos pavilhões, Bruno também faz um grandioso trabalho com destaques, musas e rainhas de bateria.
Depoimento de Bruno Oliveira:
"Muitas pessoas não entendem o trabalho primoroso que existe também nos figurinos do carnaval. As técnicas aplicadas, enfim. As pessoas, no grande contexto geral, acham que são roupas descartáveis ou roupas que não têm um estudo, uma preocupação com textura, materiais, pintura de arte. A importância do carnaval na minha vida é que ele foi realmente a minha escola e é até hoje. É no carnaval que eu consigo, talvez, me reciclar todos os anos, aprender mais, conhecer outros profissionais também porque temos aí grandes artistas".
Os reflexos da pandemia para Bruno Oliveira:
"Dentro do carnaval e fora dele, a pandemia afetou quase 100%. Aqui no ateliê a gente tem uma equipe de colaboradores bem grande, que realmente não pode estar nesse momento. A nossa demanda caiu muito e não só com os serviços de carnaval, em todos os setores de eventos."
MESTRE MANOEL DIONÍSIO
62 anos de carnaval
Foto: George Magaraia. |
O mineiro chegou ao Rio de Janeiro com 8 anos de idade. Em sua juventude - aparentemente eterna -, adentrou ao histórico Balé Folclórico Mercedes Baptista. No carnaval, sua primeira aparição foi em 1959, no enredo sobre Debret, vivenciando maravilhas pelo Salgueiro. Mestre Dionísio desfilou na histórica ala do Minueto, no campeonato de Xica da Silva, em 1963, participando de umas das imagens mais emblemáticas da história dos desfiles das escolas de samba. Com uma extensa carreira como bailarino mundo afora, nos palcos do carnaval, ainda foi apresentador de casais, porta-voz da Federação dos Blocos e assistente técnico de carnaval da Riotur. Se carrega no sobrenome a titularidade de um deus grego símbolo da fertilidade, é de suas mãos que afloram novos discípulos entregues a uma das artes fundamentais das escolas de samba, defensora de pavilhões, encantadora por giros e riscados. Há mais de 30 anos, fundou a Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta Estandarte Manoel Dionísio, dando imensurável contribuição ao carnaval.
Trecho da fala de mestre Dionísio:
“Na verdade minha mãe queria que eu seguisse a carreira militar [...] ‘O que você quer fazer?’. ‘Eu queria dançar, mas a senhora quer que eu siga a carreira’. Graças a Deus ela entendeu. ‘Então não, se você quer dançar, você vai dançar’. E com isso, em 1959, ela (Mercedes Baptista) foi convidada com o Ballet para participar do Salgueiro”.
LEONAN E CLARA OMENA
Foto: George Magaraia. |
Pela primeira vez em 30 anos, o sorriso de Selminha, que também é seu sobrenome, permanecerá tampado na Sapucaí. Há 25 anos seguidos desfilando pela Beija-Flor, um dos maiores ícones da história do carnaval brasileiro não exercerá seu ofício na pista que a consagrou diante desse #VaziodeCarnaval.
Que sorriso estonteante! Como é estranho o vazio de um ano sem vê-la encantando a todos na Sapucaí com seu inconfundível bailado. Em nosso projeto, #VazioDeCarnaval, tentamos preencher um pouco desse buraco no peito com um vídeo emocionante.
O Carnavalize tenta trazer um pouco de acalanto e conforto a todos os corações que gostariam de cruzar e presenciar a Marquês de Sapucaí.
No #VaziodeCarnaval que nos persegue, encontramos espaço para expressar nossas emoções e dividir com todos os foliões apaixonados.
Para além de mostrar uma pequena amostra de quem são esses heróis e heroínas que trabalham em prol do carnaval, mergulhamos nos desdobramentos da falta do carnaval na vida de cada personagem e como a sobrevivência de cada trabalhador e trabalhadora que destinam suas mãos de obras para a festa está em risco diante das variadas incertezas.
Confira os depoimentos em vídeo desses profissionais do carnaval:
O #VaziodeCarnaval é uma iniciativa de valorização dos profissionais do carnaval, afetados pela paralisação dos trabalhos na pandemia. Os doze personagens tiveram suas histórias contatadas pelo Carnavalize e foram fotografados pelas lentes de George Magaraia, no Rio, e Juliana Yamamoto, em São Paulo. A ideia de fotografar profissionais vai ao encontro da proposta originária do Carnavalize: enxergar o carnaval como uma potente manifestação artística e social.
Nossos agradecimentos especiais são direcionados aos nossos padrinhos e às nossas madrinhas que, ao contribuírem com nosso programa de apadrinhamento (Padrim), viabilizam a realização de projetos como o #Vazio. Dessa forma, resistimos como coletivo e nutrimos o espírito carnavalesco vivo em cada um de nós.
Agradecemos também à Riotur e ao Império da Tijuca pela disponibilidade de seus espaços e deixamos nosso muito obrigado pelo apoio de André Rodrigues, João Gustavo Melo, Juliana Joannou e Romulo Tesi.
Por fim, ressaltamos a importância de toda a equipe Carnavalize para que o projeto pudesse tomar forma e atingir o objetivo de dar rosto e voz àquelas pessoas que dedicam a sua vida ao carnaval: Beatriz Freire, Eryck Quirino, Felipe Tinoco, João Vitor Silveira, Juliana Yamamoto, Leonardo Antan, Luise Campos, Lucas Monteiro, Pedro Umberto, Talitha de Jesus, Theo Neves, Thomas Reis e Vitor Melo.
Nesses dias passaram por aqui profissionais de todas as áreas do carnaval - costureira, aderecista, instrutora, modelista, escultor, decorador, ritmista, bailarino, porta-bandeira, mestre-sala e carnavalesco. Formou-se uma pequena parcela do enorme contingente afetado pela não ocorrência do carnaval.
Ainda que seja sábia a decisão pelo cancelamento do carnaval, acreditamos que o poder público precisa viabilizar a assistência dessas milhares de famílias desamparadas, olhando atenciosamente aos profissionais do setor da cultura, tão impactados pela crise sanitária.
Salve, Flávio Policarpo! Salve, Nete Candido! Salve, Daniela Renzo! Salve, Selminha Sorriso! Salve, Eryck Quirino! Salve, Fabiano Silva! Salve, Carmem Maria! Salve, Guilherme Estevão! Salve, Alessandra Reis! Salve, Bruno Oliveira! Salve, Leonan Ramos! Salve, Clara Omena! Salve, mestre Manoel Dionísio!
Salve todos os profissionais do carnaval!! Nosso afeto e nosso agradecimento!
#CarnavalizeConosco