Por Juliana Yamamoto | Foto de capa: Walber Silva Olá, seguidores do Carnavalize. Tudo bem? Olha quem está de volta após um, digamos, bom tempo sumida, hein? A quase-repórter retoma o seu quadro trazendo um dos maiores intérpretes da atualidade, Igor Sorriso! Fazendo uma visita na quadra da Mocidade Alegre, uma das principais escolas de samba de São Paulo, fomos recebidos por Fernando Estima, que faz parte do departamento de comunicação. Agradeço por toda assessoria...
#SérieSambas: 8 grandes intérpretes do carnaval brasileiro
outubro 22, 2018 / BY Carnavalize
A #SérieSambas vai trazer todo o universo do gênero que comanda a nossa festa, desde os grandes clássicos, passando por seus compositores e intérpretes. Sempre às segundas e quintas-feiras de outubro. Fiquem ligados! Por Redação Carnavalize Sambas antológicos não se fazem sozinhos. Para eles explodirem na Avenida são necessárias grandes vozes para entoá-los. Por trás de grandes clássicos do repertório do gênero samba-enredo, estão verdadeiros intérpretes que fizeram história com seus diferentes timbres e personalidades....
#SérieSambas: 7 sambas antológicos do carnaval paulistano
outubro 15, 2018 / BY Carnavalize
Por Alisson Valério e Leonardo Antan A #SérieSambas faz um passeio pelo universo do gênero que embala os desfiles das escolas, desdes os clássicos, passando pelos grandes intérpretes e compositores. Os textos saem sempre as segundas e quintas de outubro. Fique ligado! Voltar no tempo e recordar grandes sambas que marcaram a história no samba paulistano é sempre um prazer, mas pode ser também uma nova oportunidade para conhecer e se apaixonar por canções que...
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(Crédito: arte do logo oficial da escola adaptado para a capa desta matéria) |
“História para ninar gente grande” é o tema autoral do carnavalesco Leandro Vieira para o desfile do ano que vem, propondo-se a exaltar outra faceta do país senão aquelas contadas nos livros de educação convencional, senão uma história que é majoritariamente branca, europeia, caucasiana, masculina, machista e normativa. Assim, uma história que demonstra a possibilidade de se conhecer Dandara e Luísa Mahin, mulheres negras fundamentais à luta abolicionista e contra a escravidão. História que revela os Malês, escravos negros de ascendência islâmica que proporcionaram uma revolta decisiva para o Brasil. Que exalta os índios Tamoios. Uma parte do país que enaltece os Cablocos de julho, símbolos da guerra tramada pela independência do país à nação lusitana, e os que resistiram aos anos de ferro como chumbos de tão fortes. E Marielle Franco, a personificação da luta pelos Direitos Humanos e por uma sociedade igualitária e emancipatória, vereadora negra, da favela, executada em 14 de março, com uma investigação que até hoje não achou quem mandou matá-la, nem quem matou Anderson e a vereadora.
Luiz Antônio Simas é historiador e escritor sobre o país, o Rio, o cotidiano, o samba, as macumbas e a folia - e tudo isso junto. Por isso, compartilha da visão e do discurso do Brasil que a Mangueira se dispõe a conceber e realizar. Para ele, a escolha da agremiação foi acertada:
“A vitória desse samba é uma prova que escola de samba é uma instituição que, ao mesmo tempo que negocia, resiste. Foi um samba que fugiu ao controle da própria Mangueira porque ele ultrapassou o limite da escola, ganhou as redes sociais, ganhou os fãs de samba-enredo e os fãs de MPB”, comenta.
Simas explana a ideia de que a excelência da obra não passa apenas por sua perspectiva social e política, mas também por sua riqueza como samba de enredo, denominando-o como brilhante. Lembra, também, das questões da torcida:
“Foi uma torcida espontânea. Nesse sentido, ele era um samba tão melhor que acabou se impondo à própria lógica das disputas. Tomara que ele seja uma referência. Nós temos hoje um grande samba, e esse samba é o pulo de virada para o carnaval 2019”, observa.
Perguntado sobre sua influência na temática da escola, Simas comenta que é amigo do Leandro e que dialogam, mas que o enredo e a perspectiva são do carnavalesco, descrito por Simas como um “intelectual do Rio de Janeiro e do Brasil da maior relevância”.
Leandro, à frente da Mangueira nos três últimos carnavais, é o responsável pela criação da sinopse e de toda estética da agremiação. Para o carnavalesco, o enredo tem muito a dizer, também, sobre a conjuntura do país:
“Se houver Brasil depois das eleições do segundo turno, o enredo da Mangueira é um enredo que dialoga com esse cenário. Ele seria o contrário do que chega ao poder”. E acrescenta: “Um país que não conhece sua história, ou ele repetirá a história ou ele não encontrará representatividade nunca na história que é contada. O enredo da Mangueira é um enredo de representatividade, um enredo que quer eleger pessoas, que quer eleger heróis populares, quer dar representatividade a alguma lutas, principalmente a lutas individuais”.
Leandro também exalta que o tom de tristeza não está presente no seu enredo, embora boa parte dos heróis homenageados tenham sido assassinados:
“É um olhar apaixonado para isso, é um protesto com alegria, não é um protesto triste”, diz. O artista conclui falando que o enredo “quer mostrar que a luta vale a pena, quer mostrar um Brasil que vale a pena, um Brasil que se orgulhe do Brasil. E um Brasil que possa lutar, um Brasil que possa resistir. A importância do enredo da Mangueira para esse cenário é mostrar que lutou, independente se a luta tenha dado certo ou não. Mas que houve alguém que tenha lutado”.
Enquanto o discurso de Luiz Antônio Simas é comprometido em exaltar outra faceta do país e enquanto Leandro Vieira criou “História para ninar gente grande”, Deivid Domênico é um dos autores da obra que tanto chamou atenção à verde e rosa. O compositor também observa a importância do posicionamento da Mangueira no olhar histórico:
“Em 1988, a Mangueira já falava sobre a realidade ou a ilusão sobre a escravidão. O Leandro propôs um enredo muito pertinente pro momento do país, que vive um momento muito odioso. E a gente sabia que a gente precisava ter muito cuidado para fazer esse samba porque a gente precisava falar de coisas sérias, de verdades que não foram ditas. Alertar que a História se repete, e que se a gente não tomar cuidado ela se repetirá, mas de uma maneira delicada, fraterna”, revela.
Além disso, acerca da necessidade de disseminar consciência de classes entre a sociedade, Domênico diz que “o samba, como instituição, é resistência, e precisa alertar isso; é a função dos artistas, é a função dos sambistas, é a função do carnavalesco Leandro Vieira, que é, pra mim, o maior inspirador disso tudo que está acontecendo”.
Mais do que a narrativa adotada nos discursos de Simas, mais do que a criação do enredo e do samba por Leandro e Domênico, o maior recado da noite de ontem está na escolha do samba pela Mangueira. Movida por apoio de formiga, de torcedor a torcedor, pelo reconhecimento de identidade por parte dos corpos que estavam ali presentes e dos avatares que disseminaram a mensagem e a qualidade do samba pelas redes sociais - em tempos que avatares propagam fakenews, correntes e boatos para tentar favorecer candidatos e mudar os rumos das eleições. Os corpos e os avatares fizeram a Mangueira escolher o samba que cita nominalmente as figuras que serão exaltadas, o samba de uma parceria não-hegemônica, o samba que pode ser fortemente adaptado à situação em que se colocam o país e o estado do Rio de Janeiro. O povo de lá clama, assim, que os corpos e os avatares escolham o ziringuidum da democracia no segundo turno. Sabem o retrato que quer ver no Brasil e nas urnas.
“A vitória desse samba é uma prova que escola de samba é uma instituição que, ao mesmo tempo que negocia, resiste. Foi um samba que fugiu ao controle da própria Mangueira porque ele ultrapassou o limite da escola, ganhou as redes sociais, ganhou os fãs de samba-enredo e os fãs de MPB”, comenta.
Simas explana a ideia de que a excelência da obra não passa apenas por sua perspectiva social e política, mas também por sua riqueza como samba de enredo, denominando-o como brilhante. Lembra, também, das questões da torcida:
“Foi uma torcida espontânea. Nesse sentido, ele era um samba tão melhor que acabou se impondo à própria lógica das disputas. Tomara que ele seja uma referência. Nós temos hoje um grande samba, e esse samba é o pulo de virada para o carnaval 2019”, observa.
Perguntado sobre sua influência na temática da escola, Simas comenta que é amigo do Leandro e que dialogam, mas que o enredo e a perspectiva são do carnavalesco, descrito por Simas como um “intelectual do Rio de Janeiro e do Brasil da maior relevância”.
Leandro, à frente da Mangueira nos três últimos carnavais, é o responsável pela criação da sinopse e de toda estética da agremiação. Para o carnavalesco, o enredo tem muito a dizer, também, sobre a conjuntura do país:
“Se houver Brasil depois das eleições do segundo turno, o enredo da Mangueira é um enredo que dialoga com esse cenário. Ele seria o contrário do que chega ao poder”. E acrescenta: “Um país que não conhece sua história, ou ele repetirá a história ou ele não encontrará representatividade nunca na história que é contada. O enredo da Mangueira é um enredo de representatividade, um enredo que quer eleger pessoas, que quer eleger heróis populares, quer dar representatividade a alguma lutas, principalmente a lutas individuais”.
Leandro também exalta que o tom de tristeza não está presente no seu enredo, embora boa parte dos heróis homenageados tenham sido assassinados:
“É um olhar apaixonado para isso, é um protesto com alegria, não é um protesto triste”, diz. O artista conclui falando que o enredo “quer mostrar que a luta vale a pena, quer mostrar um Brasil que vale a pena, um Brasil que se orgulhe do Brasil. E um Brasil que possa lutar, um Brasil que possa resistir. A importância do enredo da Mangueira para esse cenário é mostrar que lutou, independente se a luta tenha dado certo ou não. Mas que houve alguém que tenha lutado”.
Enquanto o discurso de Luiz Antônio Simas é comprometido em exaltar outra faceta do país e enquanto Leandro Vieira criou “História para ninar gente grande”, Deivid Domênico é um dos autores da obra que tanto chamou atenção à verde e rosa. O compositor também observa a importância do posicionamento da Mangueira no olhar histórico:
“Em 1988, a Mangueira já falava sobre a realidade ou a ilusão sobre a escravidão. O Leandro propôs um enredo muito pertinente pro momento do país, que vive um momento muito odioso. E a gente sabia que a gente precisava ter muito cuidado para fazer esse samba porque a gente precisava falar de coisas sérias, de verdades que não foram ditas. Alertar que a História se repete, e que se a gente não tomar cuidado ela se repetirá, mas de uma maneira delicada, fraterna”, revela.
Além disso, acerca da necessidade de disseminar consciência de classes entre a sociedade, Domênico diz que “o samba, como instituição, é resistência, e precisa alertar isso; é a função dos artistas, é a função dos sambistas, é a função do carnavalesco Leandro Vieira, que é, pra mim, o maior inspirador disso tudo que está acontecendo”.
Mais do que a narrativa adotada nos discursos de Simas, mais do que a criação do enredo e do samba por Leandro e Domênico, o maior recado da noite de ontem está na escolha do samba pela Mangueira. Movida por apoio de formiga, de torcedor a torcedor, pelo reconhecimento de identidade por parte dos corpos que estavam ali presentes e dos avatares que disseminaram a mensagem e a qualidade do samba pelas redes sociais - em tempos que avatares propagam fakenews, correntes e boatos para tentar favorecer candidatos e mudar os rumos das eleições. Os corpos e os avatares fizeram a Mangueira escolher o samba que cita nominalmente as figuras que serão exaltadas, o samba de uma parceria não-hegemônica, o samba que pode ser fortemente adaptado à situação em que se colocam o país e o estado do Rio de Janeiro. O povo de lá clama, assim, que os corpos e os avatares escolham o ziringuidum da democracia no segundo turno. Sabem o retrato que quer ver no Brasil e nas urnas.
E a agremiação faz ecoar, também, Marielle. Presente. Eternizada na história verde e rosa e na história da verde e rosa, no enredo da Mangueira. Hoje e sempre.
Ouça a gravação da parceria vencedora:
#SérieSambas: Perderam, mas levaram: sambas marcantes que não venceram as disputas
outubro 11, 2018 / BY Carnavalize
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#SérieSambas: As transformações do samba-enredo nessa década
outubro 08, 2018 / BY Carnavalize
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