• Home
  • Quem somos?
  • Contato
  • Lojinha
  • Exposições
  • Selo Literário
  • Apoiadores
Tecnologia do Blogger.
facebook twitter instagram

Carnavalize



Introdução e Justificativa


Historicamente, o Império da Tijuca apresenta relevantes enredos que buscaram inspiração na cultura afro-brasileira. Como forma de afirmação dos saberes negros, contra o racismo e a intolerância religiosa, sempre se faz necessário afirmar os conhecimentos e as artes que envolvem as religiões de matrizes africanas. 

Para 2023, unimos essa poderosa narrativa ao olhar precioso de quem soube reconhecer e se inspirar em um elemento tão potente e enriquecedor, imbuído da força primordial, transformadora e criativa: o Axé. 

Para a tradição nagô-iorubá, o Axé é a energia vital que está presente no universo desde sua criação. Rodeia, portanto, a humanidade, seus divinos e as substâncias naturais da Terra. Abarca desde a pequena folha de uma grama até a pele do atabaque a rufar. 

Também é força do encontro. O Axé se porta como o ritmo que embala a ginga do corpo e preenche o significado da vida. Magia contagiante. É fé, presente nos candomblés e umbandas, dos xirês até os mais singelos amuletos. 

De tão vigoroso e presente na nossa cultura, o Axé não passaria despercebido aos olhos curiosos e atentos de quem sabe se encantar com a beleza e a poesia da vida. Foi assim que Héctor Julio Páride Bernabó, originalmente argentino, logo se tornou baiano, deslumbrado pela energia criadora e a potência afro-brasileira. 

O Axé, que já era arte, ganhou nova visão através deste grande pensador da imagem. Seu fascínio com as cores, os cheiros e os temperos da Bahia se derramaram em telas, aquarelas, painéis e gravuras. Imagens que eternizaram o jeito que só essa terra tem. Ao lado de Amado, Verger e Caymmi, foi um dos principais responsáveis pela construção da “baianidade” e por registrar o Axé em sublimes manifestações.

Com maestria, pintou e esculpiu o cotidiano do nosso povo. Dentre ritos e celebrações do terreiro, festas e aglomerações das ruas, vários momentos repletos de energia ganharam contorno nas obras do artista. Traçou o Axé das vestimentas, dos animais e dos instrumentos dos orixás, além de seus itans e lendas. Tornou-se ogã e Obá, cabeça feita no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá pela babalorixá Mãe Senhora.  

Munido da mais plena energia, nosso enredo se manifesta através das obras de Carybé: filho de Oxóssi, Obá de Xangô e cronista do povo.

Sinopse


Tela em branco na imensidão de Olodumarê, tal qual o mundo a ser criado. O primeiro risco do artista é caminho aberto de Axé, onde linhas se encontram feito uma encruzilhada entre a tinta e o papel. O movimento comanda o pincel como energia criadora, que traça os rumos da vida ao preenchê-la de cor. 

Do universo funfum, a nossa aquarela. Dos vários matizes, a energia vital. Eis o Axé.

A princípio, ele desponta em forma de natureza, ocupando as lacunas e se ramificando em galhos frondosos. Afinal, sem folha não há orixá. 

Na beleza do mundo, feito mata verdejante de Oxóssi, o Axé se alastra. Flutua no vento alaranjado guiado por Iansã, ilumina o céu como o fogo do trovão de Xangô. Escorre no papel em dourado doce, repousando sereno nas águas de Oxum. Deita-se salgado na imensidão azul de Yemanjá. 

Os orixás, em seus tons, matizes, animais e instrumentos, ganham forma no rabisco de um Obá, reconhecedor do Axé que pulsa nas cenas de sua arte.

Transcendendo a natureza talhada em madeira, a energia percorre outros cenários. Com traços fortes, o pintor risca o chão do terreiro. Lugar de troca e assentamento. 

Ogãs tocam na textura de couro dos atabaques, enquanto fundamentos são evocados para a entrega de oferendas. Reúnem-se em roda, convocam a força essencial, plantam Axé. Fazem dele o ímpeto e a vitalidade para os barracões que resistem.

O batuque dos terreiros se expande derramado pelas ladeiras e o padê abre os caminhos. Nas ruas, pingos de tinta e de gente desenham a paisagem das celebrações que ornamentam a Bahia das obras do Obá. 

Festas que não existem sem fé. Axé que desconhece a vida sem festa. As celebrações populares têm suas heranças ancestrais.

Seja num xirê, no Olubajé, na lavagem do Bonfim ou em Dois de Fevereiro. Toca o alujá, dança o São João. Saem correndo no Pelourinho os Erês brincalhões. Estão todos ali nas gravuras, pintando a vida com nuances de farra. 

O Axé, constante e circular, prolifera. Em aquarela, registra a alegria e o cotidiano da brasilidade. 

Está no cheiro da feira, no sabor forjado na panela, no aconchego da pele com cada fio de conta, na ginga da capoeira, no tabuleiro da baiana e em seus balangandãs. 

É muita gente que chega, batendo na palma da mão e apostando nos encontros como forças transformadoras.

Arte e cenários se misturam. No quadro, o chão da quadra: ambiente colorido onde o ritmista batuca, o mestre-sala risca o chão, a bailarina gira feito majestade e a folia faz o chão tremer. 

Os brincantes compartilham da mesma concha de feijão fervido pela velha baiana, unem-se pela proteção de um pavilhão, desfilam em cortejo. 

A cada embalo da bandeira desfraldada, ecoa pelo vento o Axé da ancestralidade do samba. Na avenida, vivemos kizombas, banquetes e batuques. Vibrações máximas, contagiantes, que nos preenchem de energia. 

Outrora vazia, a folha agora é painel de encontros tingidos de alegria pulsante.

Através de traços diversos, significados sinuosos de festa e devoção passam pelo olhar do artista e brincam de criar o mundo fundando Axé na quina de uma tela. 

Lá no canto do papel, é possível ver a assinatura daquele que o Império da Tijuca anuncia: 
Carybé. Obá das Cores do Axé.

Carnavalescos: Júnior Pernambucano e Ricardo Hessez

Texto: Felipe Tinoco, Juliana Joannou e Leonardo Antan

 

Share
Tweet
Pin
Share
No Comments
Mais Recente
Mais Antigo

Visite SAL60!

Visite SAL60!

Sobre nós

About Me

Somos um projeto multiplataforma que busca valorizar o carnaval e as escolas de samba resgatando sua história e seus grandes personagens. Atuamos não só na internet e nas redes sociais, mas na produção de eventos, exposições e produtos que valorizem nosso maior evento artístico-cultural.

Siga a gente

  • twitter
  • facebook
  • instagram

Desfile das Campeãs

  • Carnavápolis | Isso aqui é um pouquinho de Brasil iaiá
    O clima olímpico invadiu a nossa cidade do Carnaval também. O show inaugural das Olimpíadas chutou as bundas dos pessimistas e do ...
  • Carnavápolis | O que é que as baianas têm?
    A ala das baianas é sempre um momento especial de uma escola na avenida, atualmente elas sempre encarnam figuras importantes do enredo, ...
  • CARNAVANÁLISE #19: São Clemente de cara nova para o maior carnaval de sua história
    Por Beatriz Freire O carnaval de São Paulo, inegavelmente, é um dos que mais cresce e ganha espaço no Brasil. Apesar disso, é impossível ...
  • Cotação de Mercado - As chegadas e saídas no Carnaval de São Paulo para 2019
    Por Juliana Yamamoto O carnaval de 2018 acabou há pouco mais de um mês, mas como a gente sabe muito bem o carnaval do ano seguinte come...
  • SINOPSE | Acadêmicos do Sossego 2021: Visões Xamânicas
    JUSTIFICATIVA   A Acadêmicos do Sossego apresenta para o Carnaval 2021 o enredo “Visões Xamânicas”. Uma saga épica imaginada entre ...
  • SINOPSE: VILA ISABEL | Canta, Canta, minha gente! A Vila é de Martinho!
      “Canta, canta, minha Gente, deixa a tristeza pra lá!” Canta, Vila Isabel, Morro dos Macacos, Pau da Bandeira e todo o povão Branco e Azul,...

Total de Carnavalizadas

Colunas/Séries

sinopse BOLOEGUARANÁ 7x1 carnavalize Carnavalizadores de Primeira Quase Uma Repórter 5x colablize série década artistas da folia giro ancestral SérieDécada quilombo do samba Carnavápolis do setor 1 a apoteose série carnavalescos série enredos processos da criação dossiê carnavalize Na Tela da TV série casais 10 vezes Série Batuques Série Mulheres Série Padroeiros efemérides minha identidade série baluartes série sambas

Carnavalizações antigas

  • ►  2023 (38)
    • ►  ago. (1)
    • ►  jul. (4)
    • ►  jun. (4)
    • ►  mai. (1)
    • ►  fev. (28)
  • ▼  2022 (41)
    • ►  dez. (1)
    • ▼  jul. (1)
      • SINOPSE - Império da Tijuca 2023 | Cores do Axé
    • ►  jun. (5)
    • ►  mai. (1)
    • ►  abr. (30)
    • ►  fev. (2)
    • ►  jan. (1)
  • ►  2021 (10)
    • ►  set. (4)
    • ►  jun. (1)
    • ►  mai. (1)
    • ►  mar. (2)
    • ►  fev. (2)
  • ►  2020 (172)
    • ►  dez. (8)
    • ►  nov. (17)
    • ►  out. (15)
    • ►  set. (13)
    • ►  ago. (19)
    • ►  jul. (16)
    • ►  jun. (15)
    • ►  mai. (10)
    • ►  abr. (11)
    • ►  mar. (10)
    • ►  fev. (33)
    • ►  jan. (5)
  • ►  2019 (74)
    • ►  dez. (2)
    • ►  nov. (5)
    • ►  ago. (4)
    • ►  jul. (4)
    • ►  jun. (4)
    • ►  mai. (4)
    • ►  abr. (2)
    • ►  mar. (35)
    • ►  fev. (2)
    • ►  jan. (12)
  • ►  2018 (119)
    • ►  dez. (1)
    • ►  out. (6)
    • ►  set. (1)
    • ►  ago. (3)
    • ►  jul. (5)
    • ►  jun. (20)
    • ►  mai. (12)
    • ►  abr. (5)
    • ►  mar. (3)
    • ►  fev. (42)
    • ►  jan. (21)
  • ►  2017 (153)
    • ►  dez. (28)
    • ►  nov. (7)
    • ►  out. (8)
    • ►  ago. (5)
    • ►  jul. (12)
    • ►  jun. (7)
    • ►  mai. (10)
    • ►  abr. (7)
    • ►  mar. (7)
    • ►  fev. (49)
    • ►  jan. (13)
  • ►  2016 (83)
    • ►  dez. (10)
    • ►  out. (3)
    • ►  set. (9)
    • ►  ago. (22)
    • ►  jul. (39)

Created with by ThemeXpose