Hiram Araújo: pioneirismo, coragem e resistência
Estariam
medicina e samba tão conectados assim? Gustavo Clarão, compositor e
ex-presidente da Viradouro, largou a profissão para se dedicar exclusivamente
ao samba. Hiram Araújo, 87, outro ícone da cultura carnavalesca, também tinha a
área da saúde como atividade profissional. Falecido nesta sexta-feira, Hiram
era historiador da folia e teve papel fundamental no processo de expansão das
escolas de samba.
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A dedicação de Hiram (centro) ao carnaval, rendeu ao médico o título de professor honoris causa em 2006. (Foto: Reprodução/LIESA) |
Além
de atuar na seção cultural da Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA),
Hiram também teve participação na pesquisa e elaboração de incontáveis enredos.
Um grande exemplo“Terra da vida”, popularmente conhecido como “Ilu Ayê”, feito
na Portela, em 1972.
O
historiador foi mentor do primeiro departamento cultural de uma agremiação,
criado em 1967, na Imperatriz Leopoldinense. “Hiram viveu o carnaval de perto,
meteu a mão na massa, e também o pensou historicamente, a partir dos
departamentos culturais”, conta o jornalista Fábio Fabato. A ideia implantada por Hiram fez tanto
sucesso, que até hoje é seguida por escolas de várias partes do país. “[Hiram] Foi
um dos pioneiros a mostrar para as próximas gerações que a festa não é mera diversão,
mas discurso de Brasil”, completa o jornalista.
Em
2012, Hiram Araújo foi homenageado na Intendente Magalhães. À época no Grupo E,
o Arame de Ricardo apresentou o enredo “Com prazer... Hiram Araújo!”. O
pesquisador de carnaval também chegou a dar expediente como comentarista das
apresentações na Marquês de Sapucaí. A
vida de Hiram é resumida em uma frase por Fábio Fabato: “Viveu a Portela, não
temeu as críticas, e tem lugar entre os melhores apaixonados pela festa".
